Anais da 4ª Semana Integrada de Ciência e Tecnologia de Gurupi/TO (SICTEG): Ciência para Redução das Desigualdades
PRÁTICAS DE LETRAMENTO NAS OFICINAS BILÍNGUES REALIZADAS COM ALUNOS E PROFESSORES DA ESCOLA ESTADUAL INDÍGENA 19 DE ABRIL
Título do Trabalho
PRÁTICAS DE LETRAMENTO NAS OFICINAS BILÍNGUES REALIZADAS COM ALUNOS E PROFESSORES DA ESCOLA ESTADUAL INDÍGENA 19 DE ABRIL
Autores
Marcilene de Assis Alves Araujo
Modalidade
Pôster / Resumo Expandido
Área Temática
Linguística Letras e Artes (LLA)
DOI
Resumo
Introdução: Os estudos sociolinguísticos têm contribuído de forma relevante para a formação docente ao tratar questões da heterogeneidade linguística e seus princípios gerais. Uma proposta pedagógica com base nesses pressupostos deve atentar para contextualizações pragmáticas como base para motivações discursivas, fundamentadas nos diferentes graus de funcionalidade comunicativa. Objetivo: realizar oficinas pedagógicas na Escola Estadual Indígena 19 de Abril, sobre os ritos Krahô como prática de uso e manutenção da língua. Material e Métodos: Pesquisa fundamentada nas bases da Sociolinguística Interacional com o intuito de evidenciar as implicações nas relações intragrupo, por meio dos rituais, como estratégia socioeducacional para preservação e manutenção da língua materna. Dedicamo-nos em vivenciar a cultura Krahô, contribuindo pedagogicamente com práticas de ensino que dialogam os conhecimentos tradicionais desse povo e sua interrelação com os conhecimentos institucionalizados pela escola. É uma pesquisa qualitativa com abordagens da etnografia e etnometodologia e pesquisa colaborativa, visando construir suportes para interpretação das situações contextuais interativas e dos usos linguísticos correntes e históricos, subsidiando a compreensão dos aspectos das ações situadas, instauradas nas práticas ritualísticas e na forma como são repassadas, na escola, como instrumento de manutenção da cultura Krahô. Resultados e discussão: Abordamos as dimensões sociocomunicativas dos rituais: organização das narrativas, papel dos interlocutores, usos linguísticos, sequências temporais/espaciais, dialogando com o enquadre sociohistórico e atos praticados pelas situações expressas nas narrativas. Na sala de aula, deparamo-nos com variedades de usos da língua/linguagem e evidenciamos que nos eventos de letramento há mais monitoração que em eventos de oralidade. É preciso reconhecer essas diversidades linguísticas como estratégia para oportunizar a participação na interação. No planejamento observamos situações sociohistóricas da vida cotidiana dos Krahô, desde os eventos mais casuais como o levantamento de nomes das plantas, animais e comidas especificas para os rituais até a necessidade de se manter as tradições culturais do povo Krahô. As oficinas se basearam nos rituais Krahô, contados oralmente, apresentados na modalidade escrita das duas línguas, além da retextualização em textos não verbais. Conclusão: As práticas de leitura, produção escrita, oral, imagética propicia acesso à produção simbólica do domínio sociocultural dos Krahô, de modo que os alunos, interlocutivamente, estabeleceram diálogos e sentidos com os textos lidos. Os eventos de leitura se caracterizaram como situações significativas de interação entre o texto, o aluno indígena e os indígenas mais velhos quanto às simbologias contextuais dos rituais. Os discursos e as vozes viabilizavam as múltiplas possibilidades de leituras e construção de sentidos.
ISBN
978-65-00-94313-9