HÁ EVIDÊNCIA SUFICIENTE DO PAPEL DOS INIBIDORES SELETIVOS NA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA (SSRI) NO DESENCADEAMENTO DO BRUXISMO NOTURNO?

Introdução: a epidemia da depressão e ansiedade proporcionou o surgimento de novas drogas para o melhor manejo dessas condições através da criação dos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (SSRI), atualmente utilizados como primeira linha de tratamento. Apesar de ser uma classe de medicação considerada segura com poucos efeitos colaterais, estudos baseados em fatos isolados sugerem uma possível correlação ao bruxismo noturno. Este efeito é definido como o ato de serra/ranger involuntariamente os dentes durante o sono e pode causar severos problemas de saúde, incluindo destruição da estrutura dentária, disfunção da articulação temporomandibular, dor miofascial e distúrbios do sono. Objetivo: realizar uma revisão bibliográfica acerca do uso de Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (SSRI) correlacionando ao surgimento do bruxismo noturno. Metodologia: foram selecionados 20 artigos em Língua Inglesa, entre 1990 e 2018, nas bases de dados PubMED, Medline, Scielo e revista de renome como International Journal of Neuropsychopharmacology, Journal Neuropsychiatry Clinical Neurosciences, Journal of Neurosciences in Rural Practice e LAREB que abordam relato de casos isolados sobre bruxismo induzido pelos SSRIs. Resultados: as pesquisas encontradas apontaram que existe uma forte correlação entre bruxismo noturno e os SSRIs. O principal causador indicado foi a sertralina em 50% dos casos. Outras drogas desse grupo como: paroxetina (30%), fluoxetina (25%), venlafaxina (25%) e citalopram (10%) também se mostraram relacionadas ao aparecimento de distonias e discinesias. O bruxismo induzido por SSRI é considerado uma conseqüência da inibição mediada por aliados serotoninérgicos do sistema dopaminérgico, especialmente dentro do trato mesocortical. Acresenta-se na literatura que o acréscimo de buspirona ou a cessação do tratamento com os SSRIs ou a diminuição de sua dose é a solucao do bruxismo como efeito colateral. Conclusão: há poucos estudos controlados focando nos distúrbios motores induzidos pelos ISRS, porém é essencial que os cirurgiões-dentistas estejam atentos aos efeitos adversos dentais dessas drogas e seu prejuízo no sistema estomatognático como um todo para prevenir futuras complicações.

Descritores: SLEEP BRUXISM. SEROTONIN UPTAKE INHIBITORS. DYSKINESIAS. SERTRALINE.